Controle dos genes
Pesquisadores da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, comprovaram que fatores externos de estresse podem controlar nossos genes.
Os resultados acabam de ser publicados na revista científica Molecular Cell.
"Nós descobrimos que os fatores indutores do estresse podem controlar nossos genes, ativando determinados genes que deveriam estar silenciados. É muito importante que alguns genes estejam ligados e outros estejam desligados, a fim de garantir o desenvolvimento fetal normal e o correto funcionamento de nossas células mais tarde na vida," diz o Dr. Klaus Hansen, coordenador do estudo.
O que é estresse
O estresse se tornou uma das principais fontes de mal-estar e doenças no mundo todo.
Mas o que é realmente o estresse?
Há uma enorme variedade de causas e você pode experimentar o estresse como algo que afeta todo o seu corpo e a sua mente.
Mas se dermos um zoom rumo aos tijolos com os quais nosso corpo é feito, as nossas células, o estresse e suas causas são definidos de maneira diferente.
O estresse pode surgir ao nível celular após a exposição à poluição, à fumaça de cigarro, a toxinas bacterianas etc, onde as células estressadas têm que reagir para sobreviver e continuar desempenhando suas funções normais.
No pior cenário, as células não conseguem reagir a uma situação extrema, e o estresse celular pode levar ao desenvolvimento de uma doença.
Efeito durante o desenvolvimento fetal
Simmi Gehani, coautor do estudo, constatou que a exposição de células humanas a um composto ativador de estresse liga genes silenciados.
Até mesmo breves mudanças na ativação dos genes podem ser desastrosas durante o desenvolvimento fetal - mesmo a constituição da identidade celular correta pode ser perturbada em nossas células.
Mas a atividade do gene alterado também pode ter consequências no organismo adulto.
Por exemplo, o estresse prolongado faz com que as células nervosas no cérebro produzam hormônios e outras moléculas sinalizadoras que não ele produz em uma situação normal, e isso pode perturbar a função normal do cérebro, explica Gehani.
Como são os nossos genes são controlados?
Saber como os nossos genes são regulados é importante para entender como o estresse pode levar ao desenvolvimento de doenças.
Nosso código genético, contido no DNA, é o mesmo em todos os cerca de 200 tipos de células encontradas em nosso corpo.
No entanto, as células podem se desenvolver de forma diferente e se especializar. Isto é possível porque muitos genes estão ativos somente em períodos bem definidos durante o desenvolvimento fetal ou em tipos de células selecionadas no organismo adulto.
Assim, ligar esses genes quando eles deveriam estar silenciados, ou silenciá-los quando eles deveriam estar ligados, afeta o desenvolvimento normal e impede que as células mantenham sua identidade e função.
A atividade dos nossos genes é determinada pela arquitetura do nosso DNA. O DNA é composto por 2 metros de comprimento de fitas duplas, enroladas em torno de proteínas especiais chamadas histonas.
A "leitora" natural dos nossos genes não pode funcionar se o DNA estiver apertado demais em torno das histonas, e os genes são desligados.
Proteção perdida
"Nós sabemos que os complexos proteicos podem se associar com proteínas específicas - as histonas - às quais o DNA é enrolado e, assim, determinar se os genes ficam ativos ou inativos. Pequenos grupos químicos podem fazer com que complexos de proteínas liguem-se às histonas, e isto pode controlar a atividade do gene," diz Hansen.
Os pesquisadores estudaram detalhadamente um complexo chamado PRC2, que pode anexar pequenos grupos químicos - grupos metila - às histonas. Complexos de proteção podem se ligar às histonas quando este marcador está presente e os genes são desligados.
O que a pesquisa demonstrou é que os complexos de proteção são perdidos e determinados genes são ativados quando as células são expostas a fatores de estresse externos.
Isso significa que, sem prejudicar o nosso código genético, fatores estressantes externos podem controlar a atividade dos nossos genes.
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