Soma maior do que as partes
Quando o assunto é a inteligência, o todo pode de fato ser maior do que a soma das partes.
Um novo estudo documentou a existência de uma inteligência coletiva entre equipes de pessoas colaborativas. O trabalho foi realizado por cientistas do MIT e da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, e publicado na revista Science.
O trabalho mostra que a inteligência registrada na equipe vai além das habilidades cognitivas dos membros individuais do grupo.
Mais ainda, o estudo mostrou que a tendência para a cooperação tem uma estreita relação com o número de mulheres presentes na equipe.
Inteligência coletiva
Os testes para mensurar a inteligência individual são bem conhecidos e usados há décadas.
O que os cientistas fizeram agora foi aplicar a grupos de pessoas o princípio de que a capacidade de desempenhar bem determinadas tarefas cognitivas é um indicador mensurável da inteligência - neste caso, da inteligência coletiva do grupo.
Eles descobriram que os grupos que apresentam uma adequada dinâmica interna saem-se bem em uma ampla variedade de tarefas, uma descoberta com aplicações potenciais nas empresas e outras organizações.
"Nós testamos a hipótese de que os grupos, como os indivíduos, têm uma habilidade consistente para executar diferentes tipos de tarefas," diz Anita Williams Woolley, coordenadora do estudo.
A hipótese foi confirmada. Os testes mostraram a existência da inteligência coletiva, uma espécie de medida de eficácia, capaz de prever o desempenho do grupo em muitas situações.
Sensibilidade social
A inteligência coletiva se fundamenta, acreditam os pesquisadores, em quão bem o grupo trabalha em conjunto. Por exemplo, grupos cujos membros apresentam altos níveis de "sensibilidade social" são coletivamente mais inteligentes.
"A sensibilidade social tem a ver com quão bem os membros do grupo percebem as emoções dos outros," diz Christopher Chabris, coautor do estudo. "Também, nos grupos em que uma pessoa dominou, o grupo foi menos coletivamente inteligente do que os grupos onde as conversações foram mais distribuídas."
E equipes que tinham mais mulheres demonstraram mais sensibilidade social e, em decorrência, maior inteligência coletiva em comparação com grupos que tinham poucas mulheres.
O efeito pode ser explicado pela maior sensibilidade social que as mulheres apresentam, em média, superior à dos homens. Assim, embora a inteligência individual não sirva para predizer a inteligência coletiva, a sensibilidade social individual serve a esse objetivo, mostrando que ela é um dos elementos determinantes da inteligência coletiva.
Melhorando equipes
Além disso, os cientistas descobriram que o desempenho dos grupos não está ligado às habilidades individuais dos seus membros. Por exemplo, a inteligência média e máxima dos membros não consegue prever a inteligência coletiva da equipe.
Os cientistas acreditam que os resultados terão grande impacto prático para as organizações. "Imagine se você puder aplicar um teste de uma hora de duração a uma equipe de gerentes ou de desenvolvimento de produtos que possa prever como esse grupo irá responder aos problemas que poderão surgir," avalia Thomas Malone, coautor do trabalho.
"Eu acredito que é possível melhorar a inteligência coletiva de um grupo mudando seus membros, ensinando-os melhores formas de interação ou dando-lhes melhores ferramentas eletrônicas de colaboração," conclui ele.
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