segunda-feira, 20 de setembro de 2010

SEMANA DO CORAÇÃO - Exame ajuda a planejar intervenções

Novo tipo de ressonância magnética em 3D funde imagens dos vasos sanguíneos aos das lesões no músculo

Técnica desenvolvida no Canadá foi testada em pacientes cardíacos e permite direcionar melhor os tratamentos
Um novo tipo de exame do coração pode melhorar resultados de angioplastias, pontes de safena e colocação de marcapassos.

A ressonância magnética em três dimensões desenvolvida por médicos da University of Western Ontario, no Canadá, consegue fundir duas imagens em uma: o mapeamento de vasos do coração e o das lesões no músculo cardíaco, como fibroses e cicatrizes causadas por infartos e inflamações.

Segundo o líder da pesquisa, James White, ter essa imagem combinada permite direcionar os tratamentos para vasos que irrigam partes do coração que ainda podem responder aos procedimentos, e não para as regiões lesionadas. Assim, seria possível melhorar a taxa de sucesso das intervenções.

Os pesquisadores do Canadá testaram a ressonância em 55 pacientes que fariam angioplastia ou colocariam marcapasso. Os resultados foram publicados no "Journal of the American College of Cardiology: Cardiovascular Imaging".

SINCRONIA

Carlos Eduardo Rochitte, cardiologista do Incor (Instituto do Coração do HC), afirma que o exame pode ser útil em tratamentos de ressincronização, feitos quando dois lados do músculo não estão contraindo ao mesmo tempo.

Nesses casos, é necessário colocar um marcapasso duplo, que passa pelos vasos do ventrículo esquerdo. É preciso saber onde estão os vasos e se não há fibrose na área onde vai ficar o aparelho. "Esse exame dá as duas informações", diz Rochitte.

O especialista também vê benefícios para pontes de safena e angioplastias. "O objetivo desses procedimentos é restabelecer o fluxo de sangue para uma região do músculo. Se ela tiver fibrose, não vai valer a pena." Ele destaca, no entanto, que a tomografia tem maior precisão para avaliar a condição dos vasos.

"A visualização pela ressonância ainda é limitada. Há técnicas de fusão de tomografia e ressonância, por exemplo, para esse tipo de exame." Ainda assim, a ressonância tem a vantagem de não envolver radiação, é inócua para o paciente.

NA PRÁTICA

A adoção do exame na prática clínica ainda precisa ser avaliada, para Rochitte.

"A gente tem que ver o que é importante e o que é essencial. Não sei se isso vai se tornar essencial." Mesmo assim, ele acredita que esse tipo de inovação é a tendência dos exames. "O caminho é o uso de 3D e de imagens que podem ser facilmente analisadas", afirma.
Fonte: Folha de S.Paulo


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