sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Resistência a antibióticos vai além da ingestão incorreta dos medicamentos
Passando direto
Embora o consumo excessivo ou incorreto de antibióticos seja uma preocupação antiga dos profissionais de saúde, parece que há motivos para outras preocupações bem depois que os medicamentos são ingeridos.
Cientistas descobriram que, quando um antibiótico é consumido, até 90 por cento dele passa através do corpo sem metabolização.
Isto significa que as drogas podem deixar o corpo do paciente quase intactas - é quase como despejar o conteúdo do vidro de medicamento no vaso sanitário ou no ralo do banheiro.
Genes de resistência aos antibióticos
No caso de áreas agrícolas, os antibióticos excretados podem chegar rapidamente aos córregos e rios de várias maneiras e entrar no circuito alimentar da população.
Mesmo a água filtrada nas plantas de tratamento de efluentes podem conter antibióticos, segundo os pesquisadores.
Consequentemente, estas descargas tornam-se "fontes potenciais de genes de resistência aos antibióticos," afirma Amy Pruden, da Universidade Virgínia Tech, nos Estados Unidos.
"A presença de antibióticos, mesmo em concentrações mínimas, pode estimular o metabolismo bacteriano e assim contribuir para a seleção e manutenção de genes de resistência a antibióticos", explica Pruden. "Uma vez presentes nos rios, esses genes podem ser transferidos entre as bactérias, incluindo patógenos, através da transferência horizontal de genes."
Resistência aos antibióticos
A pesquisadora afirma que reduzir a propagação da resistência aos antibióticos é uma medida crítica necessária para prolongar a eficácia dos antibióticos atualmente disponíveis.
Isto é importante, uma vez que "a descoberta de novas drogas não consegue mais acompanhar o ritmo das novas infecções resistentes a antibióticos", diz ela.
Pruden, que desenvolveu o conceito de genes de resistência a antibióticos como poluentes ambientais, tem uma reputação internacional na aplicação da ecologia microbiana, remediação ambiental e sobre repositórios ambientais de resistência antimicrobiana.
"Este estudo avança o reconhecimento dos genes de resistência a antibióticos como fontes de impactos ambientais, dando um passo importante na identificação dos processos dominantes de difusão e transporte dos genes de resistência a antibióticos," conclui o estudo, publicado no periódico científicoEnvironmental Science and Technology.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Puberdade precoce nas meninas começa a ser desvendada
Amadurecimento sexual
Um grupo coordenado pela neurocientista brasileira Carol Elias deu um passo importante para desvendar os mecanismos bioquímicos de um fenômeno que vem alarmando os médicos: a antecipação da puberdade feminina.
Depois de quase uma década da investigação, que começou no Brasil e terminou nos Estados Unidos, Carol e sua equipe identificaram a região cerebral em que o hormônio leptina age despertando o amadurecimento sexual.
É o núcleo pré-mamilar ventral.
Hormônio da maturidade sexual
"Há um mecanismo bioquímico delicado que informa ao cérebro que o organismo está pronto para reproduzir", disse Carol, ex-professora na Universidade de São Paulo (USP) e atualmente pesquisadora na Universidade do Texas.
E quem dá esse recado ao cérebro é a leptina, hormônio secretado pelas células de gordura, mais conhecido por despertar a sensação de saciedade e reduzir a fome.
Anos atrás surgiram as primeiras pistas de que esse hormônio iniciava uma cadeia de reações químicas que levam ao desenvolvimento dos órgãos sexuais e à fertilidade.
Camundongos e seres humanos que não produzem leptina não entram na puberdade, período em que começam transformações fisiológicas que preparam o corpo para procriar.
De 1997 a 1999, período em que passou na Universidade Harvard, Carol colaborou com a identificação das regiões cerebrais que produzem receptores de leptina, proteína à qual o hormônio de mesmo nome se liga estimulando o funcionamento das células cerebrais (neurônios).
Hormônios sexuais
Entre as regiões do hipotálamo que expressam receptores de leptina, uma chamou a atenção: o núcleo pré-mamilar ventral.
Esse grupo de células, como já havia sido demonstrado por outro brasileiro, Newton Canteras, pesquisador da USP, se conecta a regiões cerebrais produtoras do hormônio liberador de gonadotrofinas, responsável por estimular a secreção de outros hormônios sexuais.
Mas a comprovação de que era esse núcleo que mediava a ação da leptina no início da puberdade levou mais tempo.
Convidada pelo neurocientista Joel Elmquist a integrar sua equipe no Texas, Carol e os pesquisadores José Donato Júnior, Roberta Cravo e Renata Frazão desenvolveram em laboratório um camundongo geneticamente modificado para, em certas condições, produzir o receptor de leptina apenas no núcleo pré-mamilar ventral.
A estratégia deu certo, relatam os pesquisadores em artigo publicado na revista Journal of Clinical Investigation.
Puberdade feminina
As fêmeas de camundongo inférteis entraram na puberdade e se tornaram capazes de procriar quando se estimulou a produção do receptor de leptina exclusivamente no núcleo pré-mamilar ventral.
"As células desse núcleo passaram a reconhecer a presença da leptina, induzindo o amadurecimento sexual", explicou Carol.
A provável explicação é que os neurônios do núcleo pré-mamilar ventral estimulam a atividade de células produtoras do hormônio liberador de gonadotrofinas que, por sua vez, induz a produção de outros hormônios sexuais.
Puberdade e obesidade
Essa cadeia de reações bioquímicas, que, por razão ainda desconhecida despertou a puberdade apenas nas fêmeas, ajuda a compreender porque uma proporção cada vez maior de meninas norte-americanas com 7 e 8 anos de idade estão entrando na puberdade, como mostrou estudo publicado em setembro na Pediatrics.
"É possível que as taxas mais elevadas de leptina em crianças obesas estejam estimulando regiões cerebrais que normalmente só seriam ativadas mais tarde", disse Carol.
"Agora que identificamos o grupo de células responsáveis por mediar a ação da leptina no início da puberdade teremos condições de desvendar os mecanismos celulares, genéticos e bioquímicos envolvidos nesta função", disse.
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Amamentação por seis meses melhora inteligência das crianças
Alimentação primordial
Crianças de dez anos que haviam sido amamentadas por ao menos seis meses tiveram resultados melhores em testes-padrão de leitura, matemática e grafia, em comparação com crianças amamentadas por períodos mais curtos.
A conclusão é de um estudo australiano feito com mais de mil crianças e relatado nesta pelo site especializado MedPage Today.
Os efeitos benéficos da amamentação apareceram de forma mais relevante em meninos, possivelmente porque o leite compensa hormônios femininos que ajudam a proteger o cérebro das meninas.
Outra possibilidade é que a amamentação tem um efeito positivo nas relações entre mãe e filho, facilitando a interação e, de forma indireta, o desenvolvimento cognitivo, segundo o MedPage Today.
Como os meninos dependiam mais da atenção materna do que as meninas, os efeitos positivos dessa interação se fariam mais presente neles.
Efeitos da amamentação
O estudo, publicado na revista Pediatrics, foi coordenado por Wendy Oddy, do Instituto de Pesquisa de Saúde Infantil da Universidade do Oeste da Austrália.
"Nosso estudo adiciona provas crescentes de que a amamentação por ao menos seis meses tem efeitos benéficos para o melhor desenvolvimento da criança", escreveram Oddy e seus colegas.
A relação entre amamentação e desenvolvimento cognitivo é atribuída aos nutrientes presentes no leite materno - principalmente ácidos graxos poli-insaturados -, que ajudam no crescimento de membranas celulares do cérebro e de neurônios.
Desenvolvimento cognitivo
O estudo levou em consideração os outros fatores que também influenciam o desenvolvimento cognitivo infantil e disse ter tentado controlá-los entre as crianças estudadas.
Com isso, foi possível observar também que índices menores de educação materna e renda prejudicavam o desempenho das crianças.
Em contrapartida, as que liam mais durante a idade de três a cinco anos tiveram melhores resultados nos testes de leitura e escrita.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Tratamento de alergia causa nova alergia
Alergia de contato com alumínio
A dermatite alérgica de contato com o alumínio tem sido considerada uma alergia muito rara.
No entanto, veem crescendo os relatos de nódulos pruriginosos e alergia ao alumínio surgidos depois que as pessoas tomaram vacinas ou fizeram tratamentos para outras alergias.
A pesquisadora Eva Netterlid, da Universidade de Lund, na Suécia, resolveu estudar o fenômeno e fez algumas descobertas que exigirão mais pesquisas sobre os tratamentos de alergia.
Nódulos na pele
Nódulos pruriginosos são pequenos nódulos sob a pele que causam coceira e que, segundo alguns estudos, podem durar vários anos.
Um estudo sobre vacinas contra tosse convulsiva, realizado há alguns anos, mostrou que quase um por cento das crianças desenvolveu nódulos pruriginosos na área da vacinação.
Três das quatro crianças que tiveram uma reação com nódulos também desenvolveram alergia ao alumínio.
"Isso foi totalmente inesperado. O alumínio tem sido utilizado como adjuvante, intensificador, nas vacinas por mais de 70 anos, com apenas um pequeno número de relatos de nódulos pruriginosos e dermatite alérgica de contato," afirma Eva.
Hipossensibilização
Mas os resultados foram muito mais preocupantes quando a pesquisadora voltou sua atenção para a hipossensibilização, um tratamento no qual doses progressivamente maiores de uma substância alergênica são dadas aos pacientes que são alérgicos ao pólen, ácaros, etc, para habituá-los à substância.
Este tratamento também usa o alumínio como um intensificador.
O número de reações foi muito maior. Das 37 crianças monitoradas, 8 (21,6%) tiveram dermatite alérgica de contato com o alumínio, e 13 (35%) tiveram nódulos pruriginosos.
Outras 24 crianças com alergias que foram incluídas no estudo, mas que não receberam a vacina, não desenvolveram nem nódulos pruriginosos nem alergia ao alumínio.
Outro estudo analisou a hipossensibilização de crianças e adultos com alergias respiratórias. Verificou-se que quase 4% dos pacientes tiveram dermatite alérgica de contato com o alumínio.
O exame dos braços dos pacientes antes e um ano após o tratamento mostrou que o número de portadores de nódulos tinha aumentado significativamente, e a proporção daqueles que tinham nódulos pruriginosos também aumentou.
Hipóteses
Há várias explicações possíveis a respeito de porque a alergia de alumínio está se tornando mais comum: o surgimento de novas tecnologias para identificar a alergia, o tipo de compostos de alumínio usados nas vacinas e outros tratamentos pode ter mudado, e o número de vacinações pode ter aumentado com o aumento das viagens internacionais.
Mas, por enquanto, todas são apenas hipóteses e conjecturas, e somente outros estudos poderão apontar as causas reais.
Eva Netterlid e seus colegas vão se concentrar primeiro na segunda hipótese, verificando se diferentes compostos de alumínio produzem resultados diferentes.
Eles também pretendem descobrir se os pacientes que tiveram resultado positivo no teste de alergia ao alumínio também apresentam sintomas clínicos quando expostos a medicamentos e cosméticos que contenham alumínio.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Tomar leite reduz risco de doenças cardíacas, diz estudo
Leite para o coração
Um estudo publicado na revista especializadaAmerican Journal of Clinical Nutrition revela que beber três copos de leite por dia pode diminuir em até 18% o risco de doenças cardiovasculares.
Mas o consumo de leite não é uma unanimidade entre os especialistas. Alguns estudos questionam até mesmo se adultos devem ou não tomar leite.
Um estudo nacional chegou à conclusão que os brasileiros tomam leite em excesso, e que o leite é importante na alimentação, mas não pode ser considerado essencial para uma saúde normal.
Estudos contraditórios
A professora Sabita Soedamah-Muthu, do Departamento de Nutrição Humana da Universidade de Wageningen, na Holanda, conduziu o estudo com a colaboração de pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Ela analisou cerca de 5 mil estudos sobre o mesmo tema - relação entre tomar leite e doenças cardíacas - feitos na Europa, Estados Unidos e Japão durante um ano e meio e concluiu que o leite é realmente benéfico para a saúde do coração.
"Havia resultados muito contraditórios sobre a relação do consumo de leite com a saúde nos estudos. Às vezes concluía-se que há uma relação benéfica, às vezes maléfica e outras vezes, nenhuma", disse a professora.
Consumo de leite
Os resultados de várias das pesquisas analisadas foram combinados utilizando a quantidade de leite consumida diariamente por cada indivíduo.
Em uma análise final dos números, Soedamah-Muthu percebeu que um copo de leite ao dia parece ter relação com uma redução de 6% no risco de doenças cardiovasculares.
"Conseguimos demonstrar os efeitos positivos de consumir até três copos por dia, quando o risco de problemas no coração fica 18% menor."
Segundo a pesquisadora, não foi encontrada nenhuma relação entre o consumo de leite integral ou desnatado e o aumento do risco de doenças cardíacas, infarto ou mortalidade.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Descoberta pode permitir curar ferimentos sem deixar cicatrizes
Cicatrização sem cicatriz
Uma novidade anunciada neste domingo (12/12) na 50ª Reunião Anual daAmerican Society for Cell Biology, na Filadélfia, Estados Unidos, poderá resultar em alternativas para tratar ferimentos graves sem a formação de cicatrizes.
O ácido hialurônico é uma substância presente no organismo de todos os animais que preenche os espaços entre as células.
Com o avanço da idade, o ácido hialurônico diminui, reduzindo também a hidratação e elasticidade da pele, o que contribui para o surgimento de rugas.
Ácido hialurônico
O grupo de Cornelia Tölg, do London Regional Cancer Program, em Ontário, no Canadá, conseguiu bloquear fragmentos de ácido hialurônico que disparam a inflamação.
O bloqueio, feito em ratos com um minúsculo peptídio chamado 15-1, promoveu a cura de ferimentos profundos com a minimização de cicatrizes e a formação de um tecido cutâneo mais forte no lugar afetado.
A equipe, que contou com pesquisadores dos Estados Unidos, identificou no peptídio (molécula composta de dois ou mais aminoácidos) denominado 15-1 a capacidade de bloquear receptores moleculares em células da pele que reagem a fragmentos do ácido hialurônico ao estabelecer um caminho celular para a inflamação.
Nos testes feitos em laboratório, uma única dose do peptídio reduziu a contração do ferimento, os depósitos de colágeno, a inflamação e o crescimento de vasos sanguíneos novos e indesejados. Apesar de o estudo ter sido feito em animais, os cientistas afirmam que os resultados obtidos podem ser extrapolados para eventual aplicação em humanos.
Regeneração de tecidos
Até o fim da década de 1970, o ácido hialurônico era considerado apenas uma espécie de goma inerte que preenchia a matriz extracelular, mas desde então estudos têm mostrado seu importante envolvimento em uma ampla variedade de processos biológicos, do desenvolvimento embrionário do coração a metástases de tumores, passando pelo reparo de ferimentos.
A relação entre níveis de ácido hialurônico e a regeneração de tecidos é paradoxal, segundo os autores do estudo. Os níveis desse ácido são extremamente elevados em embriões e em recém-nascidos, que são capazes de se recuperar rapidamente de cirurgias sem a formação de cicatrizes.
Mas, durante a vida adulta, os níveis de ácido hialurônico intactos caem enquanto aumenta a proporção de moléculas quebradas da substância. Por conta disso, enquanto o ácido intacto promove uma recuperação forte - no caso de ferimentos - os fragmentos atuam junto a receptores que disparam a inflamação que resulta na formação de cicatrizes e de pele mais frágil.
sábado, 11 de dezembro de 2010
Crianças expostas ao fumo passivo são mais propensas a problemas de comportamento
Os pais que fumam perto das crianças podem estar colocando em risco mais do que a saúde respiratória de seus filhos. Um novo estudo do University College London, no Reino Unido, indica que as crianças mais expostas à fumaça do cigarro são mais propensas a serem hiperativas e a terem problemas de comportamento.
Avaliando dados de um estudo escocês do ano de 2003, incluindo 901 crianças não fumantes com média de oito anos, os pesquisadores descobriram que aquelas com maiores níveis de cotinina na saliva - subproduto da nicotina, que indica os níveis de exposição à fumaça do cigarro - tinham mais chances de terem problemas de conduta e hiperatividade. E essas associações permaneciam significativas considerando fatores como privação social, status marital dos pais, obesidade, doenças crônicas e níveis de atividades físicas.
Publicados nesta semana na revista científica Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine, os resultados indicaram, ainda, que 40% das crianças tinham níveis muito altos de exposição à fumaça do cigarro, principalmente dentro de casa, e mais frequentemente em vizinhanças com menor renda. E aqueles com maiores níveis de exposição ao fumo passivo tinham quase três vezes mais chances de terem problemas de saúde mental.
“A medida objetiva da exposição ao tabagismo passivo foi associada com pior saúde mental entre as crianças”, escreveram os autores. “As associações mais fortes com os níveis de cotinina emergiram em transtornos de hiperatividade e conduta”, concluíram os pesquisadores.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Uma aspirina por dia reduz risco de morte por câncer, diz estudo
Aspirina contra o câncer
Uma pequena dose diária de aspirina é capaz de reduzir substancialmente o risco de morte por uma série de tipos de câncer, segundo sugere um novo estudo.
A pesquisa, coordenada pela Universidade de Oxford, verificou que uma dose diária de 75 mg reduziu em até 20% a chance de morte por câncer.
O estudo, publicado na última edição da revista científica The Lancet, analisou dados de cerca de 25 mil pacientes, a maioria deles da Grã-Bretanha.
Prós e contras da aspirina
Especialistas dizem que os resultados mostram que os benefícios da aspirina comumente compensam os riscos associados, como aumento da possibilidade de sangramentos ou irritação do sistema digestivo.
Alguns estudos associam a aspirina à redução dos riscos de ataques cardíacos ou de derrames entre as pessoas nos grupos de risco. Outros, porém,questionam o uso da aspirina na prevenção de ataques cardíacos.
Acredita-se que os efeitos de proteção contra doenças cardiovasculares sejam pequenos entre adultos saudáveis. Também há um risco maior de sangramentos no estômago e no intestino.
Uma pesquisa publicada em 2009 concluiu que o uso regular da aspirina pode fazer mais mal do que bem.
Veja todas as reportagens já publicadas no Diário da Saúde envolvendopesquisas sobre a aspirina.
Aspirina contra o câncer
Porém a pesquisa publicada nesta semana afirma que, ao avaliar os benefícios e os riscos do consumo de aspirina, os médicos deveriam também considerar seus efeitos de proteção contra o câncer.
As pessoas que consumiram o medicamento tiveram um risco 25% menor de morte por câncer durante o período do estudo, e uma redução de 10% no risco de morte por qualquer causa em comparação às pessoas que não consumiram aspirina.
O tratamento com a aspirina durou entre quatro e oito anos, mas um acompanhamento de mais longo prazo de 12.500 pessoas mostrou que os efeitos de proteção continuaram por 20 anos tanto entre os homens quanto entre as mulheres.
Após 20 anos, o consumo diário de aspirina ainda tinha o efeito de reduzir em 20% o risco de morte por câncer.
Tipos de câncer
Ao analisar os tipos específicos da doença, os pesquisadores verificaram uma redução de 40% no risco de morte por câncer de intestino, 30% para câncer de pulmão, 10% para câncer de próstata e 60% para câncer de esôfago.
As reduções sobre cânceres de pâncreas, estômago e cérebro foram difíceis de quantificar por causa do pequeno número de mortes por essas doenças entre as pessoas pesquisadas.
Também não havia dados suficientes para analisar os efeitos da aspirina sobre cânceres de ovário ou de mama, mas os autores da pesquisa sugerem que a razão para isso é que não haveria mulheres suficientes entre as pessoas analisadas.
Mas estudos de larga escala sobre os efeitos da aspirina sobre esses tipos específicos de câncer estão em andamento.
Quando tomar aspirina
O coordenador do estudo, Peter Rothwell, disse que ainda não aconselha os adultos saudáveis a começarem a tomar aspirina imediatamente, mas afirmou que as "evidências" científicas estão "levando as coisas nessa direção".
Segundo Rothwell, o consumo diário de aspirina dobra os riscos de grandes sangramentos internos, que é de 0,1% anualmente. Mas ele diz que os riscos de sangramento são "muito baixos" entre adultos de meia-idade, mas aumentam bastante entre os maiores de 75 anos.
Segundo ele, o tempo ideal para começar a considerar tomar doses diárias de aspirina seria entre os 45 e os 50 anos, por um período de 25 anos.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Composto de mel e babosa é eficaz contra o câncer
Sabedoria popular
A medicina popular pode ser muito popular, mas antes de aderir a esse saber é importante desenvolver estudos criteriosos para avaliar as propriedades terapêuticas de ervas e produtos popularmente utilizados.
Entre aqueles que já demonstraram efeito anticâncer estão a Aloe vera (conhecida como babosa) e o mel.
A partir desses estudos, a bióloga Rebeka Tomasin, do Laboratório de Nutrição e Câncer da Unicamp, decidiu combinar os dois produtos em um homogeneizado, o mesmo utilizado na medicina popular, para avaliar sua ação sobre o crescimento tumoral e a caquexia.
A proposta é desenvolver pesquisa básica para mostrar a possibilidade de alguns produtos fitoterápicos auxiliarem no tratamento tradicional.
Babosa e mel contra o câncer
De acordo com a bióloga, cobaias portadoras de tumor de Walker 256 e tratados com o homogeneizado após a indução do tumor apresentaram resultados positivos na diminuição da massa tumoral e nos efeitos modulatórios sobre os tecidos do hospedeiro (rato portador de tumor) e simultâneo efeito deletério sobre o tecido tumoral.
A análise do estresse oxidativo e da atividade de enzimas antioxidantes revelou que, nos animais tratados com Aloe vera e mel, os tecidos hospedeiros foram "protegidos", enquanto o tecido tumoral sofreu maior "ataque" oxidativo.
Baseada nestes resultados, Rebeka propôs que, neste modelo experimental, a administração de Aloe vera e mel preserva a integridade dos tecidos hospedeiros enquanto provoca detrimento do tecido tumoral.
Tratamentos alternativos e coadjuvantes
Para a bióloga, o estudo de tratamentos alternativos e coadjuvantes é de grande valia.
Ela pontua que, além das terapias convencionais como quimioterapia, radioterapia e cirurgia, atualmente tem-se investido muito em terapias coadjuvantes na tentativa de melhorar ainda mais o prognóstico da doença e a qualidade de vida do paciente.
Porém, no caso específico de sua pesquisa, ainda não foram realizados testes em humanos. O que se tem até o momento é pesquisa básica que poderá ser apoio a futuros estudos na área médica e farmacêutica.
Rebeka acrescenta que os estudos in vivo utilizando organismos modelo têm sido essenciais para compreensão do comportamento de inúmeras doenças por possibilitar ainda a observação do desenvolvimento patológico e a reação corporal diante de diferentes intervenções e novos tratamentos, oferecendo assim resultados preliminares mais seguros antes de testes em seres humanos.
Ela enfatiza a importância em desenvolver estudos com plantas, o que pode desmistificar muitos aspectos do discurso popular sobre efeitos terapêuticos. Por outro lado, o isolamento das substâncias que compõem uma determinada planta pode trazer ganhos para o desenvolvimento de fármacos.
"Setenta por cento dos quimioterápicos utilizados atualmente são derivados de plantas, mas para chegar até a utilização clínica foram necessários anos de estudo. Muitas vezes, as pessoas fazem uso de determinada planta medicinal, mas ela pode conter alguma substância nociva; portanto é essencial o isolamento das substâncias responsáveis pela atividade desejada", explica.
Babosa e mel
Estudos realizados anteriormente mostraram que a babosa contém várias propriedades terapêuticas importantes, incluindo prováveis efeitos anticâncer e que os ingredientes farmacologicamente ativos estão concentrados tanto no gel quanto na casca da folha.
Rebeka pontua que, embora alguns dados afirmem que o mel seja comparado ao açúcar em seus valores nutritivos e que proteínas, minerais e vitaminas estão em baixa quantidade, tendo, portanto, pouca importância nutricional, há evidências de que o mel seja um agente moderador antitumor, com relevantes efeitos antimetástase.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde levantados por Rebeka, o câncer é responsável pela morte de quase 8 milhões de pessoas anualmente, sendo que são diagnosticados mais de 11 milhões de novos casos por ano.
As pesquisas multidisciplinares têm sido importantes para estudar a associação de métodos no tratamento de doenças, mas ainda são poucos estudos que fazem associações como o homogeneizado de Aloe vera e mel e a prática de atividades físicas e nutrição.
"Fico feliz quando descubro um estudo parecido, pois nosso objetivo é contribuir com outras áreas do conhecimento para garantir qualidade de vida aos pacientes", conclui Emilianne.
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